Texto originalmente publicado no Medium a 22 de Fevereiro de 2021
Há uns tempos, a minha irmã disse-me:
“Quanto mais nos divertimos numa noite, maior é a ressaca”.Nunca (ou quase nunca) recusei uma festa. Sou entusiasta de um bom copinho, apaixonada por dançar e amante de me divertir com quem mais gosto.
Venham as festas!
Mas não nos esqueçamos que há vários tipos de festa:
- Há festas que esperas que sejam incríveis e passas uma semana a combinar cada detalhe com as tuas amigas. Pões a tua melhor roupa e 2 horas de maquilhagem (gosto de medir a maquilhagem em tempo, acho que é mais justo). Sais à rua como se a noite fosse tua. Mas tentaste e esperaste demasiado e a festa não te encheu as medidas: o restaurante não deu mais um jarro de sangria e acabaste a noite a tomar conta da namorada do teu amigo que conheceste há 47 min.
- Há festas que têm um pré, um durante e um depois (o chamado after). São tão boas que não queres que acabem e fazes por prolongá-las no tempo, mesmo que a única coisa que estejas efetivamente a prolongar seja o teu arrependimento na manhã seguinte. Teu e da tua cabeça, que tem um elefante como hóspede… que dança sapateado.
- Há festas inesperadas, fruto daquele convite de última hora de alguém que conheceste a semana passada. E, normalmente, são as melhores. Arranjas-te em 30 min e sais de casa a correr para aproveitar ao máximo. E a noite é curta para o teu desejo de diversão: são 10 da manhã e ainda estarás a tentar negociar mais uma cerveja. E já nem é com o senhor do bar, é cá fora com o segurança.
- Há festas muito longas (aqueles clássicos festivais que duram vários dias). Essas fazem-te pensar que vais ficar lá para sempre, que a tua vida mudou e que agora é que vai! Dormes em tendas, tomas banho num chuveiro ao ar livre, comes salsichas 4 dias seguidos e podes até perder o concerto que mais querias porque estás na fila da casa de banho a tentar dividir um lenço de papel pelas 26 pessoas à tua frente. E são essas festas que te fazem crescer e olhar para trás feliz.
- Há festas em que às 3 da manhã estás a ver o relógio de 5 em 5min a pensar que estavas melhor a dormir agarrada ao saco de água quente. Não estavas pronta para uma festa, não era a tua prioridade ou vontade nesse dia. E não tem mal, talvez estivesses melhor em casa numa noite de janeiro do que numa tenda a ouvir aquele artista que devia estar nos programas de domingo à tarde.
- Há festas que tu escolhes não ir e depois te arrependes, porque todos se divertiram imenso e tu fizeste a escolha errada. E vais passar o resto da vida a ouvir que a festa x é que foi icónica e até a discoteca inteira se juntou num comboio.
Nem todas as festas são perfeitas, mas são todas festas. E todas significam que tiveste a oportunidade de festejar e ser feliz. Mesmo que tenhas escolhido não o fazer.
E depois vem a ressaca.
E, como nas festas, há vários tipos de ressaca:
- Há ressacas que não existem (parece contraditório: existem ressacas que não existem, mas vamos ignorar as leis da contradição por agora). Tu tiveste uma boa noite mas não deixou mossa, superaste e estás pronta para outra. Depois de um copo de água, claro. Ou jarro.
- Há ressacas pequenas, daquelas que são só o corpo a queixar-se de ter saído da rotina, de te teres deitado tarde e de teres estado 5 horas fechada num sítio que te gritava aos teus ouvidos. Estas são as ressacas que se curam com comida daquela gordurosa e feita de plástico.
- Há ressacas que duram um dia. Aquela noite foi importante para ti, tu divertiste-te, aproveitaste ao máximo e agora até nem te importas de pagar a conta ficando no sofá o dia todo…indecisa entre doces e salgados e dois quaisquer filmes da Disney.
- E depois há as ressacas que duram meses. Ou porque é uma ressaca de arrependimento de não teres ido aquela festa. Ou porque achas que não vais conseguir seguir em frente e não ter festas todos os dias. Estas são aquelas ressacas que precisam de outras festas para passar.
Mas está tudo bem. As ressacas fazem parte da “festa” e são um lembrete de que tiveste oportunidade de ir e de te divertir.
O truque é:
- Aproveitar enquanto estás na festa;
- Não passar as ressacas sozinha (é muito mais divertido com os amigos);
- Talvez beber um copito a menos e não ficar até te mandarem embora da festa. É sempre melhor saíres pelo teu próprio pé.
Mas não ir à festa não é opção. São as festas que nos fazem felizes.



