Título: Jesus Cristo bebia cerveja
Autor: Afonso Cruz
Género: Ficção, Romance
Data de Lançamento: Novembro 2015
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 252
ISBN: 9789896721336
Classificação: 5/5
Terminado em Novembro 2022
Wook: Jesus Cristo bebia cerveja
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Uma história simples, floreada com uma escrita complexa, irónica e emotiva que nos faz pensar sobre as coisas que realmente importam: a família, convicções, o amor, o regionalismo, a arte, as conversas, a fé e a cerveja.
A personagem principal é Rosa, uma jovem que vive com a avó porque o seu pai morreu e a mãe fugiu de casa. Enamora-se com um simples pastor e com um intelectual professor, que lhe ensina tanto sobre o amor e a vida que a leva a questionar as suas decisões. O amor de Rosa pela sua avó move este professor a transformar a aldeia alentejana em Jerusalém para cumprir o último desejo da avó de visitar a terra Santa. A narrativa encerra-se num final inesperado de superação, crescimento e transformação.
Seguem alguns dos meus excertos favoritos (difícil escolher apenas estes):
« Ela disse-lhe que queria ter um passado com ele. Não era um futuro, que é uma coisa incerta, mas um passado, que é isso que têm dois velhos depois de passarem uma vida juntos. Quando disse que queria ter um passado com alguém, queria dizer tudo. Não desejava um incerteza, mas a História, a verdade. »
« A loucura, quando dá a um grande número de pessoas, chama-se sociedade contemporânea »
« A natureza não gosta de espaços vazios e preenche-os como um burocrata preenche requerimentos. Não deixa buracos em lado nenhum. Mesmo os lugares mais rarefeitos, como o espaço sideral e a estupidez humana, são preenchidos por alguma coisa: luz, metais leves, preconceitos, partículas e subpartículas dos átomos, radiações, chavões e telenovelas »
« O amor não se compra. Mas paga-se caro. »
« O vinho era uma bebida de romanos, dos invasores. Cristo não iria beber a bebida dos ricos, dos opressores, como a inglesa que nos governa, mas a dos pobres, das putas e dos pescadores. Isso é que era a cerveja, um símbolo do povo »
« Uma corda estica até ao seu comprimento, mas pode passar uma vida dobrada sobre si mesma, enrolada para dentro. Um corda comprida pode não passar de um pequeno rolo. A nossa vida também é assim, como uma corda. Por vezes estende-se sobre o abismo, por vezes está enrolada na arrecadação. Pode unir dois lugares distantes ou ficar arrumada, dobrada sobre si mesma. »
« É como sempre digo: uma inteligência limitada é de uma estupidez infinita »



