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Ser cigarra ou ser formiga? 📝🐜🌞

Texto originalmente publicado no Medium a 26 de Julho de 2022

Às vezes acordo de manhã e penso que quero ser como a cigarra daquela fábula para crianças que já todos ouvimos. Penso que a vida é curta e não posso deixar os meus sonhos hipotecados por um futuro que não sei se vai chegar. Penso que há tanta coisa que quero fazer, tantos amigos que quero ver e tantas novas pessoas que quero conhecer. Penso que tenho de viver o agora como se não houvesse amanhã.

Outras vezes acordo de manhã e penso que tenho mil sonhos que quero concretizar no futuro e que para isso tenho de hipotecar parte do meu presente. Penso que tenho de trabalhar muito para chegar longe, que tenho de conseguir poupar, que tenho de conseguir continuar a estimular-me a aprender novas coisas e a evoluir. Penso que há tanta coisa que quero realizar no futuro que requer que o meu “eu” do presente faça sacrifícios.

Vivemos divididos entre viver o agora e viver o futuro.

Se, por um lado, o mundo é tão rápido e queremos viver sempre o presente (e, principalmente, mostrá-lo), vivemos também iludidos na esperança de que se fizermos 476 passos e 765 ações específicas, no fim, vai chegar o rebuçado e vamos viver o futuro da melhor forma.

Por vezes hipotecamos o presente em prol do futuro e tantas outras vezes hipotecamos o futuro para viver o presente. Vivemos sufocados por ter de escolher umas das opções porque, como aprendemos na faculdade de economia e gestão, os recursos são limitados e temos de fazer escolhas.

Toda a vida nos contaram que a moral da história é trabalhar arduamente e ser responsável para poder sobreviver (sim, sobreviver, leram bem!) ao Inverno. Mas esqueceram-se de nos dizer que, às vezes, mais vale VIVER um Verão do que SOBREVIVER um ano inteiro.

Esqueceram-se de nos dizer que a formiga vive mais mas é menos feliz. E que a cigarra é feliz a aproveitar o sol e a cantar. Esqueceram-se de nos dizer que devíamos contar experiências e momentos e não dinheiro ou recursos.

Esqueceram-se de nos dizer tanta coisa e agora é a nossa vez de esquecermos o que nos disseram e de vivermos da maneira que melhor soubermos, alternando entre a cigarra despreocupada e feliz e a formiga responsável e aborrecida.

O presente é o único tempo verbal que é real. O passado já foi e o futuro é incerto.

A vida é curta e os sonhos são imensos. Vive, canta e não tenhas vergonha de pedir ajuda no Inverno a uma qualquer formiga, porque no fim da história ela está sempre lá para partilhar.

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