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Tudo tem o seu lugar e o seu tempo 📝🗺️⌛

Texto originalmente publicado no Medium a 13 de Setembro de 2021

Sempre me disseram que tudo tem o seu lugar e o seu tempo.

Mas, quando somos crianças e jovens, queremos tudo no mesmo lugar e no mesmo tempo: aqui e agora. Queremos que todos os nossos desejos (mais ou menos válidos e relevantes) sejam satisfeitos o mais próximo possível do momento do pedido. A distância entre a necessidade e a sua satisfação deve ser sempre o mais pequena possível. E esta distância deixa-nos sempre a pensar que das duas uma: 1) Que ainda falta uma vida para o objetivo ou 2) Que daqui a uns tempos já não valerá a pena.

Depois crescemos (alguns) e percebemos (alguns também… mas menos provavelmente) que, de facto, os adultos até percebem algumas coisas (algumas só sim) e que as coisas têm o seu lugar e o seu tempo. Há coisas que só fazem sentido num determinado contexto.

Vamos lá pensar em exemplos:

  • Evidência número um: Bolas de Berlim na Praia

Mas há alguém que vá a uma pastelaria e peça uma bola de Berlim? Se existem, nunca conheci nenhuma, deve ser mito urbano. As bolas de berlim só são boas na praia, onde o açucar faz lembrar a areia e fica tão preso nos dentes como a areia nos pés. Uma bola de berlim só é boa naquele lugar e naquele tempo. O contexto altera-lhe o sabor e aumenta a nossa satisfação.

  • Evidência número dois: Agricultura

Na Agricultura, tudo tem a sua altura. Seguimos o calendário Borda D’Água e vemos que em Janeiro no centro do país devemos semear nabo e couve-galega mas se em Janeiro estivermos no sul então recomendam semear tomate. Se estivermos em Fevereiro as sugestões já são outras. E ai de quem ousar não seguir o calendário mítico que rapidamente vai perceber que o bom tomate tem de ser semeado no sul e em Janeiro (foi o Borda D’Água que disse, juro).

  • Evidência número três: Garrafas de água

No supermercado, num bar, num restaurante, num avião… a garrafa pode ser a mesma mas o tempo e o lugar ditam o seu preço (que o valor depende de quem a bebe e da sede que tem). Num dia a garrafa pode custar X e no outro dia sair uma qualquer lei com um imposto adicional às embalagens de água. E acho que todos sabemos que uma garrafa de água custa bem mais nalguns sítios do que no café da esquina (já todos pagamos quase mais por uma garrafa de água no aeroporto do que pelo próprio voo).

Sempre me disseram que tudo tem o seu lugar e o seu tempo. Estavam certos. Alguns, pelo menos.

Mas, independentemente do tempo e do lugar, há pessoas que serão sempre boas. Mesmo que comam bolas de berlim em pastelarias, que plantem nabos em setembro ou que nos obriguem a trocar um rim por uma garrafa de água.

Sempre me disseram que tudo tem o seu lugar e o seu tempo. Esqueceram-se foi de me dizer que há pessoas que queremos connosco todo o tempo e em todo o lugar.

O truque da felicidade está em encontrar pessoas que transformem os locais e tempos errados na coisa certa para nós. E temos de procurar essas pessoas e de as manter na nossa vida.

Não amanhã e não noutro sítio. Mas como as crianças: aqui e agora, sempre.

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